Distrito Sanitário Yanomami e Secoya realizam curso de AIS no rio Marauiá Imprimir
Sex, 26 de Maio de 2017 02:21

Entre os dias 30 de abril a 15 de maio de 2017, o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami – DSEI-Ye a Secoya realizaram Curso de capacitação de Agentes Indígena de Saúde - AIS do Rio Marauiá. O evento ocorreu no Xapono do Komixiwë com a participação de 30 AIS do Marauiá, Bandeira Branca, Cachoeira do Aracá e Águas Vivas. Este curso é fruto de um rico processo de construção coletiva do conhecimento, de um momento de ensino-aprendizagem, reflexão e debate sobre o processo saúde/doença do povo Yanomami, a partir das competências e atribuições dos Agentes Indígenas de Saúde dentro do seu território de atuação.

O curso tem como objetivo fortalecer a força de trabalho dos AIS que vem sendo desenvolvida nas comunidades no âmbito da promoção da saúde com a finalidade de melhorar a qualidade do serviço de saúde prestado pelo DSEI - Y.

Para cumprir uma carga horária de 140 horas, foram contemplados no plano do curso os sábados e domingos e foi administrado por Fernando Antonio da Silveira, professor sanitarista e Sylvie Petter, coordenadora do programa de educação em saúde.

O curso foi realizado a partir da metodologia e dos objetivos estabelecidos no seu Projeto Base, aprovado na XXIII Reunião do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana.

 

A proposta do curso se baseou na perspectiva pedagógica histórico-crítica, tendo suas bases e práticas na metodologia problematizadora integrando teoria-prática e passa pela construção coletiva do conhecimento tomando como premissa o referencial cultural dos Yanomami e sua forma de organização social associado ao perfil epidemiológica do Polo base da Missão Marauiá.

A partir do levantamento das atividades desenvolvidas pelos AIS nos seus Xapono e um breve histórico do contato dos nãos-indígenas com a população Yanomami foi trabalhado o Conceito Ampliado de Saúde, identificando os determinantes e condicionantes do processo saúde/doença que interferem nas condições de saúde em sua comunidade. A partir dos conceitos de promoção, prevenção, assistência e tratamento, tentou-se demonstrar a importância do papel do AIS dentro da atenção básica, salientando que as ações de prevenção e promoção podem resolver cerca de 80% das doenças dentro da própria comunidade.

O estudo das políticas do SUS e do sub-sistema de saúde indígena permitiu enfatizar sobre a luta dos Indígenas e as conquistas alcançadas. Dentro do contexto político atual, essa capacitação propiciou amplias reflexões sobre os desafios atuais, inclusivo aquele do reconhecimento da profissão de AIS e da sua formação.

A partir da construção do mapa do Polo Base foram refletidas as interações entre o espaço geográfico, as relações intercomunitárias, as relações que a comunidade tem com os municípios próximos e invasores e o processo saúde/doença. Com a compreensão do conceito de território e reconhecendo o território de atuação do AIS foi realizado o diagnóstico das comunidades, problematizando os agravos encontrados a partir dos fatores de riscos, vulnerabilidade, fatores de proteção e micro área de risco.

Concluiu-se essa reflexão com o desenvolvimento da ação mais importante do AIS sendo a visita domiciliar, onde a partir do diagnostico da comunidade, as ações de prevenção e promoção são desenvolvidas. O curso permitiu ainda fortalecer a compreensão da importância do papel dos AIS no trabalho de educação em saúde e na prevenção, valorizando ainda a saúde tradicional.