Garimpeiros são levados à Federal Imprimir
Qui, 11 de Dezembro de 2014 13:39

Dos 220 detidos na terra Yanomami, 80 chegaram à Capital na madrugada desta sexta-feira e, após depoimentos, foram liberados

Na madrugada desta sexta-feira, dia 05, cerca de 80 garimpeiros chegaram à Capital e foram levados à superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro 13 de Setembro, zona Sul. Eles foram detidos na operação Krokorema II, realizada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e Polícia Militar, na região do Auaris, terra indígena Yanomami, no Amajari, município a 150 quilômetros da Capital pela BR-174, Noroeste do estado.

Na PF, os garimpeiros prestaram depoimento e depois foram liberados. Alguns responderão por crimes ambientais e garimpagem ilegal. Familiares abraçavam os garimpeiros na frente da superintendência. Outros, apreensivos, buscavam informações a respeitos dos parentes que não haviam chegado.

O comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), major Miguel Arcanjo, disse, na última quinta-feira, dia 04, que na base avançada da Funai, no acampamento Wai-kai, terra Yanomami, já havia até a tarde daquele dia, mais de 220 garimpeiros. Eles estavam sendo transportados em quatro voadeiras. A previsão era que todos estariam na Capital até este final de semana.

Na sexta-feira pela manhã, a Folha foi à Polícia Federal, mas a Assessoria de Comunicação informou que o órgão não daria detalhes sobre o caso. Disse apenas que foram realizadas as atividades de polícia judiciária.

A Folha apurou que as detenções vêm ocorrendo há uma semana na terra Yanomami e que mais de 100 garimpeiros ainda estão na região. A maioria dos detidos é de Roraima e do Pará, mas alguns são nordestinos e venezuelanos. Alguns fugiram assim que chegaram em Boa Vista.

A demora na condução dos garimpeiros à Capital ocorreu devido a falta de gasolina, mas o Exército Brasileiro doou o combustível à Funai. O coordenador substituto da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Yekuama, João Catalano, avisou, em entrevista à Folha, que a operação de combate à garimpagem ilegal em terras indígenas vai continuar.

Até esta sexta, 260 garimpeiros já haviam se entregado na região do Auaris. Eles estavam escondidos na mata. Muitos fugiram para a Venezuela. A PF tentará agora identificar os financiadores do garimpo em terra indígena roraimense. Os responsáveis poderão responder criminalmente por usurpação da União. Apenas na região Yanomami, os garimpeiros retiravam cerca de 80 quilos de ouro por mês. O prejuízo chega a R$ 80 milhões.

A falta de recursos financeiros na Funai colocou em risco a vida dos três agentes e dos seis policiais militares que começaram a operação Krokorema. O resultado foi desastroso. O sargento PM Ronildo Brandão foi baleado nas costas, após uma emboscada feita pelos garimpeiros na parte mais estreita do rio Uraricoera, na região do Auaris. A guarnição já havia estourado 10 balsas e seguia para destruir outras.

Até a tarde de sexta, o sargento permanecia internado no HGR (Hospital Geral de Roraima), mas não corria risco de perder a vida. O autor do disparo já foi identificado pelo setor de Inteligência da PM, mas continuava foragido na região do Auaris. Ele se embrenhou na mata. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e os próprios garimpeiros procuram o suspeito.

A Polícia Federal enviou nota informando que não participou da operação Krokorema por falta de recursos na Funai, que teria deixado de cumprir o acordo de cooperação, por isso, ainda segundo a nota, os agentes da PF não participariam mais das operações.

KROKOREMA II - A operação visa combater a garimpagem ilegal em área Yanomami. Ela começou na quinta-feira retrasada, dia 27, e não tem data para terminar. Na região indígena há aproximadamente mil garimpeiros. Destes, por enquanto, pouco mais de 200 já se entregaram. (AJ)

Fonte: Amilcar junior - Folha de Boa Vista