Educação em Saúde
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As novas perspectivas traçadas pela Secoya no campo da Saúde
Diante da realidade complexa de assistência da saúde destinada a população Yanomami, e repensando o seu papel na qualidade de instituição indigenista que assumiu um compromisso na luta pela defesa dos direitos e pelo bem-estar do povo Yanomami, a Secoya está orientando suas ações nesse campo no sentido de: “Valorizar e garantir a aplicação dos conhecimentos no campo da saúde tradicional assim como desenvolver um Programa de Educação em Saúde como forma de reduzir a dependência da saúde alopática”.
Isto representa a possibilidade de uma atuação diferenciada, distinta e complementar a do Estado, numa perspectiva de pensar a saúde sob um novo prisma, onde a saúde tradicional tem espaço efetivo, além de entender a prevenção como forma essencial de atuação, evitando muitos males e possibilitando uma corresponsabilidade, tanto dos pacientes, quanto dos pajés e da população com um todo.
Isto significa estimular a valorização dos conhecimentos e saberes tradicionais, integrando ações educativas e preventivas em respostas aos problemas de saúde sofridos pela população e, em relação aos quais, não há uma assistência adequada por parte do órgão responsável pela saúde indígena. O objetivo final deverá permitir aos Yanomami melhor preparação para assumir suas responsabilidades no enfrentamento dos problemas de saúde na tentativa de reduzir a dependência para com a saúde alopática.
Isto significa ainda reconstruir um equilíbrio hoje fragilizado capaz de sobrepor novos conceitos da relação saúde-doença (novos para nós!), contrapondo-os ao formato assistencial dispensado pelo estado. O mesmo pretende também evidenciar práticas preventivas de saúde possíveis de serem adaptadas nas aldeias, a partir da conscientização e aceitação da população. Uma das situações de maior impacto é sem duvida o combate à malária, que implica na colaboração da população tanto na limpeza dos criadouros quanto nos cuidados a serem tomados no combate ao vetor e no tratamento dos pacientes.

O projeto de educação em saúde
Neste sentido, desde outubro de 2010, a Secoya iniciou o projeto de educação em saúde através de 3 linhas de atuação que são : a prevenção, o controle social e a valorização da medicina tradicional. O programa é desenvolvido por uma enfermeira em colaboração com o departamento de educação e de apoio ao processo organizativo Yanomami. O trabalho é realizado nos xapono do rio Marauiá, junto com as lideranças Yanomami, AIS, conselheiros, professores e a população em geral.
Durante o ano 2011, a situação de saúde dos Yanomami foi alarmante, com consequência um aumento da mortalidade infantil devido a malaria, diarreia, gripe, num contexto de desnutrição que atinge perto de 80% das crianças. Segundo as necessidades observadas, foram iniciadas atividades de prevenção com as temáticas de : saneamento básico, diarréia e verminose, malaria, dermatite e desnutrição infantil.  Outras ações práticas foram realizadas junto com a população : combate às baratas, limpeza do xapono, acompanhamento das medidas de higiene em relação à escabiose, introdução de hipoclorito de sódio para tratamento de água, apoio ao trabalho de limpeza dos criadouros com ferramentas.
Na área do controle social, tanto as reuniões nos xapono quanto os diversos cursos promovidos pela Secoya permitiram acompanhar os Yanomami nas suas reivindicações relacionadas às problemáticas de saúde e à monitoria da gestão do DSY, respaldando as articulações políticas decorrentes.  Neste sentido a Secoya apoiou a ida de uma Delegação Yanomami do Marauiá em Boa Vista levando reivindicações, encaminhou diversos documentos produzidos na ocasião do III e IV Cursos de Formação de Lideranças, divulgou a situação precária de saúde dos Yanomami nos meios de comunicação, assessorou a II Assembleia Yanomami durante a qual foi reivindicada oficialmente a criação de um Sub-Distrito Yanomami no estado do Amazonas.
As atividades relacionadas à medicina tradicional serão desenvolvidas depois de um processo de aprendizagem e de maior sensibilização à cultura Yanomami, língua e xamanismo. Nesse sentido, a Secoya já conta com uma antropóloga para nos ajudar na orientação do trabalho nesse campo específico.

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