Após a apresentação da programação por Silvio, coordenador geral da Secoya, os primeiros quatro dias do curso de lideranças em Santa Isabel do Rio Negro são dedicados à temática "Fortalecer a capacidade e o processo organizativo do Povo Yanomami".

O trabalho começa com uma tarefa em cinco grupos: fazer um desenho da organização atual dos Yanomami nos xapono (aldeias). Depois da apresentação dos desenhos, a plenária trabalha a função e as qualidades e capacidades dos periomi - lideranças tradicionais Yanomami. Os trabalhos intensos são interrompidos periodicamente por alongamentos, dinámicas e merenda.

O próximo tema é a organização da sociedade dos napë (não-Yanomami). Com ajuda do consultor a plateia elabora as funções e o funcionamento dos três poderes nos diferentes niveis - federal, estatal e municipal. Não é fácil entender este sistema complexo, e com o calor do sol em Santa Isabel, todo mundo começa sentir o cansaço. A próxima tarefa é trabalhada em pequenos grupos de novo: "Porque nos Yanomami precisamos nos organizar?" e "Como podemos nos organizar?", são as perguntas. Na apresentação todos falam sobre as suas idéias, uns em yanomami, outros traduzem para o português. As contribuições são ricas e o tempo passa rápido. Segue mais uma discussão em plenária: "O que vamos fazer juntos?", "elaborar documentos", "buscar soluções fora", "trocar idéias", "falar dos problemas", são algumas das respostas.

O resto do quarto dia é dedicado à apresentação do novo projeto trienal da Secoya: "Projeto de fortalecimento do Povo Yanomami do Amazonas". A tarefa para o próximo dia: avaliar o projeto e fazer propostas. Todos sentam num canto com caderno e caneta. Alguns trabalham até tarde, outros acordam cedo para terminar esta tarefa. "Capacitar os AIS (Agente Indígena de Saúde) para ensinar a língua
Yanomami aos técnicos de enfermagem", "aprofundar as capacitações", "mais apoio", "continuidade dos cursos", são algumas das propostas. "A proposta ajuda o povo Yanomami a conhecer atividades do napë para tomar decisões", "Conhecer outros trabalhos e a realidade de outros parentes", "aprender coisas novas", "importante para defender a terra e não depender dos napë para ajudar o povo", "capacitar igual aos Yanomami de Roraima", "é bom pensar junto com a Secoya", são algumas avaliações feitas.