A luta vale a pena: encontro anual de E-Changer/COMUNDO PDF Imprimir E-mail
Qua, 11 de Maio de 2016 12:33

Entre os dias 2 e 6 de maio, coperatores, coperatoras e movimentos parceiros de E-Changer/COMUNDO se reuniram em Natal/RN com o objetivo de avaliar a parceria de cooperação internacional e pensar a continuidade de fortalecimento das lutas dos movimentos populares no Brasil.

Estiveram presentes a Marcha Mundial das Mulheres, Serviço e cooperação com o povo Yanomami-Secoya, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), União Nacional dos Movimentos de Moradia, Central de Movimentos Populares e Instituto de Permacultura em terras secas - IpeTerras.

Os mais de 20 anos de E-Changer/COMUNDO no Brasil acumulou diversas experiências, saberes, lutas e transformações de realidades, “produzimos valores culturais e uma metodologia política que será importante para enfrentar os tempos de crise e para a construção de uma nova sociedade”, é o que diz Djalma Costa sobre os frutos da parceria.


À inquietação lançada no debate, coperatoras, coperatores e parceiros respondem com prontidão através da fala de Eduardo Cardoso, da Central de Movimentos Populares, "precisamos construir um projeto popular através de novas metodologias, estimular novas lideranças políticas e potencializar uma comunicação que fortaleça o diálogo com o povo", desafios postos para os próximos períodos.

Foram realizados duas visitas de experiências distintas de organização de luta e diálogo com o povo na cidade de Natal.

A primeira visita se deu na ocupação Padre Sabino Gentille, no bairro da Ribeira. Organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Ruas e Favelas - MLB, a ocupação de um terreno abandonado pelo poder público municipal serve de moradia improvisada, em barracos de 5mx5m, para mais de 130 famílias que não têm condições de pagar aluguel.

Sobre o processo da luta por moradia, Marcos, uma das lideranças do movimento, explica: "a gente vai conversando com as pessoas da comunidade, chama pra luta, ocupa e organiza. Não é simples. Muita gente desiste, mas a gente tem um objetivo que é conquistar uma moradia. Aí a gente precisa fazer pressão para sermos vistos e atendidos pelos poderes públicos".

A visita alimentou o espírito de indignação por tamanha necessidade do povo, mas também o espírito de fé e esprança na luta quando Marcos falou: " Eu já tenho a minha casa, mas tô aqui na luta porque muitas pessoas ainda não têm" e, nisto, mostrou que há quem acredite verdadeiramente na luta e que ainda há muito por fazer.

A segunda visita ocorreu na casa de Graça Leal, que reúne especialmente mulheres da Vila da Ponta Negra numa vivência de ajuda mútua de solidariedade através da organização da Feira de Economia Solidária. Mostrando uma forma totalmente diferente de organização em comparação à primeira visita, Graça também contagiou os coperatores e coperatoras para a dimensão humana da mobilização popular. As mulheres da Vila conquistam auto-estima e melhorias de vida através do projeto que constroem coletivamente.

As visitas geraram muitas reflexões sobre as metodologias e estruturas para a organização das bases, deixando uma certeza expressa na fala de Silvio, Coordenador Geral da Secoya: "quando a luta se faz com amor, vale a pena". Então, que se faça valer a construção de outro mundo possível.

 

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