Visitas de apoio e solidariedade durante o Encontro Anual 2014 de E-CHANGER Brasil: Vila Autódromo e Comunidade Esperança PDF Imprimir E-mail
Qui, 08 de Maio de 2014 19:36

A equipe da Secoya acompanhou as visitas realizadas às comunidades de Vila Autódromo (Barra da Tijuca) e Grupo Esperança (Jacarepaguá), - RJ, junto com vários representantes de movimentos sociais, os quais são parceiros de E-changer no Brasil.

A atividade, realizada na manhã do último dia (25) do Encontro Anual do Programa Brasil 2014, no Rio de Janeiro, provocou sentimentos de indignação e perseverança.

Vila Autódromo é uma comunidade localizada às margens de uma lagoa na Tijuca, ameaçada de remoção para dar lugar a propósitos não muito claros. “Uma hora dizem que vão construir um estacionamento, depois falam em um viaduto e a gente já ouviu falar até em condomínio de luxo”, afirmou uma moradora presente à reunião realizada na sede da Associação de Moradores da comunidade que recebeu o grupo reunido no Encontro Anual de E-Changer.

Mas tudo indica que a principal motivação está voltada para atender as expectativas do setor imobiliário com o objetivo de adequar o Autódromo as necessidades da Copa e das Olimpíadas.

Jorge, vulgo Ferrugem, é um dos moradores mais antigos do local e, aos prantos, registrou o “racha” na família. Aliadas, Prefeitura Municipal e iniciativa privada – as empreiteiras Andrade Gutierrez, Carvalho Rocha e Odebrecht – têm oferecido apartamentos e dinheiro para o mobiliário, além de distribuído ameaças a lideranças, enfraquecendo a resistência da comunidade.

“Eu quero ficar, mas meus filhos já disseram que vão. Um deles ficou com medo de, no futuro, ficarmos sem água e energia elétrica, como já avisaram a gente”, afirmou Jorge. “É um assédio constante. Eles prometem um lugar melhor e ameaçam que não vai ficar ninguém”, continuou, disposto a resistir, mas visivelmente abalado.

Dona Inalva, liderança comunitária local, apresentou o desejo dos moradores: “Queremos que a prefeitura apresente o projeto do Parque Olímpico. A prefeitura afirmou precisar da área, mas não tem sido transparente. A população tem um projeto de urbanização da área construído, com assessoria das Universidades Estadual do Rio de Janeiro e a Federal Fluminense. Os moradores são donos dos espaços e dos recursos públicos que estão sendo gastos”, afirmou.

A Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro só prevê remoções em áreas de risco, o que não é o caso da Vila Autódromo, onde a paisagem de destruição avança. Entre uma casa e outra já é possível observar buracos “cavados” com a remoção de diversas famílias, iludidas com as promessas e cansadas de lutar.

“Quando eu ouço falar nisso de ‘cidade maravilhosa’ eu sempre me pergunto: para quem?”, refletiu seu Altair, outro morador presente à reunião. Sobram críticas também à Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com os moradores da Vila Autódromo, o órgão tem agido para favorecer a prefeitura, com exceção de alguns defensores realmente comprometidos com a defesa de direitos humanos da coletividade.

Prêmio – A comunidade de Vila Autódromo recebeu do Deutsche Bank o prêmio Urban Age Award, que reconhece iniciativas criativas em cidades. Uma assembleia organizada pela associação de moradores deliberou que os 80 mil dólares do prêmio seriam utilizados na construção de uma creche no bairro. Os recursos estão parados e correm o risco de ser devolvidos – devem ser gastos em até um ano a partir da premiação – por que a prefeitura não concedeu a autorização necessária para a construção da creche.

“Toda a estrutura que temos na comunidade nós construímos, até o ponto de ônibus. A prefeitura nunca nos apoiou, apesar da nossa luta por investimentos públicos e acesso a serviços básicos”, declarou Inalva ao jornal O Saci, informativo do Comitê Popular da Copa e Olímpiadas do Rio de Janeiro.

Visita – Outra visita recebida pela comunidade ontem foi a do sr. Bigode – que fez questão de apresentar-se assim –, assessor do Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República. Ele ouviu as reclamações da comunidade, inclusive a de documentos – ofícios e abaixo-assinados – enviados ao Palácio do Planalto desde o governo Lula (2010), até hoje sem respostas.

Bigode comprometeu-se a reabrir um diálogo com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, além de agendar uma visita do ministro Gilberto Carvalho à comunidade. “Esta é uma comunidade livre da milícia e do tráfico, infelizmente no caminho da especulação imobiliária”, afirmou seu Altair.

Esperança – O grupo de E-Changer, após a visita à Vila Autódromo, dirigiu-se ao empreendimento imobiliário Grupo Esperança, em Jacarepaguá. Lá conheceram a obra construída em regime de autogestão, sob coordenação da União Estadual por Moradia Popular do Rio de Janeiro, entidade também presente ao Encontro Anual de E-Changer.

O grupo conheceu o terreno, que recebeu infraestrutura de ruas da Prefeitura do Rio de Janeiro, após uma troca de terrenos. Os 70 imóveis têm 46m2 de área construída, com sala, cozinha, banheiro, dois quartos e área de serviço. As casas são entregues com todo acabamento, incluindo forro e caixa d’água.

O terreno destinado à construção da União de Moradores de Grupo Esperança também foi visitado. Os recursos para a construção são oriundos do programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades.

 

 

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