FPEYY recebe denúncia de abuso de crianças indígenas, em Roraima PDF Imprimir E-mail
Sex, 14 de Março de 2014 13:13

Casos foram relatados à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami.

Dono de garimpo é apontado pelos indígenas como suposto estuprador.

Garimpeiros retirados da Terra Indígena Yanomami foram levados para a sede da Polícia Federal em Roraima (Foto: Natacha Portal/ G1)

Uma liderança da Maloca do Papiú, localizada a mais de 200 quilômetros de Boa Vista, entre os munícípios de Alto Alegre e Iracema, denunciou à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye´kuana (FPEYY) que um dono de garimpo naquela região teria abusado sexualmente de meninas indígenas de 12 e 13 anos, além de submeter jovens índios a trabalho escravo.

A denúncia foi feita durante uma operação conjunta da Polícia Militar de Roraima e Funai na Terra Indígena Yanomami, quando um garimpo foi desarticulado no começo desta semana. Segundo o coordenador da FPEYY, João Catalano, a equipe, que já estava na operação 'Korekorema' na terra Yanomami, foi ao local para apurar as denúncias.

"Chegamos à comunidade [Maloca do Papiú] na sexta-feira (7). Após três dias de caminhada, estávamos no garimpo, onde constatamos a denúncia e encontramos o suspeito, que tem 45 anos", declarou Catalano na tarde desta quarta-feira (12).

De acordo com ele, a equipe da operação era fomada apenas por dois funcionários da Funai e quatro policiais e, por esse motivo, alguns garimpeiros conseguiram fugir, incluindo o suspeito de cometer os abusos.

"Nós 'fechamos' o garimpo. Equipamentos e estrutura foram destruídos. Apesar das fugas, temos a identidade do suposto aliciador e a polícia começará as buscas", destacou.

Conforme relataram os indígenas, cinco crianças foram abusadas sexualmente. A equipe conseguiu identificar duas e a intenção é que uma delas seja encaminhada para Boa Vista.  Segundo Catalano, o homem oferecia batons e perfumes para atrair as crianças, e os rapazes trabalhavam em troca de alimentos para a comunidade.

"Quando chegamos, os motores estavam funcionando e quem os manuseava eram indígenas menores de idade.Temos os dados e endereço do suspeito e, com certeza, a Polícia Federal irá pedir sua prisão preventiva", acrescentou.

Os 16 garimpeiros retirados da Terra Indígena foram encaminhados para a sede da Polícia Federal em Roraima, na tarde desta quarta. Eles deverão ser ouvidos e testemunhar no caso. A PF não se pronunciou sobre as denúncias, tampouco sobre um possível mandado de prisão em nome do dono do garimpo.

Confronto

João Catalano relata que no dia em que a equipe retornaria para Boa Vista, a expedição dos indígenas foi atacada por índios da Venezuela.

"Dois índios Yanomami morreram no confronto e por isso não pudemos trazer as crianças que foram abusadas. Um dos índios mortos era parente de uma das vítimas", comentou.

Segundo ele, a criança está na maloca e a Funai aguarda o término dos ritos do funeral da comunidade para que a menina possa ser encaminhada à capital para se submeter a exames médicos.

"É complicado trazer [as crianças]. Estamos esperando passar o funeral. O que ocorreu não teve nada a ver com a nossa operação, pois é consequência da rivalidade entre as comunidades que se enfrentaram", observou Catalano.

Fonte: Natacha Portal e Érico Veríssimo Do G1 RR

 

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