Yanomami  em reunião com o procurador do MPF

No início de abril, as lideranças Yanomami Carlito Iximauteri, Hipólito Pukimapiweteri, Adriano Pukimapiweteri e Batista Pohoroapiweteri moradores do Rio Marauiá, no território Yanomami localizado no município de Santa Isabel do Rio Negro/AM estiveram reunidos na Procuradoria da República no Amazonas com o Procurador Julio Araujo. A visita teve por objetivo apresentar os problemas enfrentados e o descaso das autoridades competentes no que se refere à população Yanomami localizada no Amazonas.

Acompanhados do coordenador geral da Associação Serviço e Cooperação com Povo Yanomami (Secoya), Silvio Cavuscens, as lideranças apresentaram dados concretos relacionados com a precariedade da assistência promovida pelo Distrito Sanitário Especial Yanomami e Ye´kuana. Relataram diversos casos de negligência entre os quais, a falta de médico, “Estamos há mais de três anos sem um médico que atenda diretamente nas aldeias, precisamos que esse problema se resolva. Os postos de saúde estão caindo em algumas aldeias, faltam equipamentos, muitos rádios não funcionam”. “Recentemente uma criança de três anos quase morreu por ausência de soro antiofídico para picada de surucucu, em uma aldeia que fica na cabeceira do rio. Tiveram que usar o de jararaca porque era o único que tinha”, relatou Carlito Iximauteri.

Por conta dessa situação, as lideranças Yanomami insistiram na criação de um Subdistrito para atender a população Yanomami do Amazonas, que representa aproximadamente 6500 pessoas, um terço de toda população Yanomami no Brasil. Essa proposta foi levantada na ocasião da II Assembleia Yanomami do Amazonas, realizada em novembro 2011, mas sem resposta da Secretaria de Saúde Indígena-SESAI, até o momento.

Expuseram ainda suas preocupações com o aumento das invasões na área Yanomami sem que quaisquer medidas sejam tomadas pela FUNAI, que, segundo as lideranças, ainda não conseguiu se reestruturar e implantar as Coordenadorias Técnicas Locais-CTL em Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro.

Aproveitando a proximidade da semana do índio, falaram da riqueza de sua cultura e da realidade da vida nos xapono (aldeias circulares). Os Yanomami deixaram claro que acham importante o trabalho do Ministério Público Federal e que esperam melhorias em suas aldeias.