Notícias sobre a X Etapa do Curso de Professores Yanomami PDF Imprimir E-mail
Qua, 13 de Junho de 2012 14:46

Esta acontecendo no município de Rio Preto da Eva (AM), desde o dia 21 de maio de 2012, a X Etapa do Curso de Formação de Professores Yanomami, organizado pela Secoya, que, até o momento, contou com a consultoria de seis professores vinculados à UEA e UFAM.

No dia 27 de maio concluímos o módulo de matemática, ministrado pelos Professores Manuel Cerdeira e Ieda Câmara, que apresentaram, além dos conteúdos de matemática a serem posteriormente ministrados nas aldeias, conhecimentos da metodologia da matemática, que auxiliarão os vinte e três Professores Yanomami participantes do curso nos desafios da transposição didática dos conhecimentos matemáticos universais, para a forma de aprendizagem dos Yanomami.

Em seguida, aconteceu o módulo “Política de Educação Escolar Indígena”, que contou com a participação das Professoras Romy Cabral, Claudina Azevedo Maximiano, Adria e Célia. O mesmo foi desmembrado no intuito de trabalhar de modo progressivo a introdução dos seguintes aspectos: legislação atual relacionada com a política de educação escolar indígena no âmbito federal e estadual, principalmente; aprofundamento relacionado com os princípios da educação escolar indígena e a sua aplicação na realidade atual dos povos indígenas; valorização das formas de ensino/aprendizagens próprias. Também, neste módulo, foram apresentados subsídios para a construção dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas, ajudando os Professores Yanomami a levarem e estimularem as discussões sobre este tema nas aldeias no intuito de consolidar a escola Yanomami a partir da vontade política da população e da realidade de cada xapono Yanomami.

Este módulo foi oportuno por possibilitar um debate sério a respeito da escola Yanomami e das dificuldades atuais de aplicar o que preconiza a lei, uma vez que a diferenciação caracterizada na escola Yanomami se depara com os problemas administrativos ou mesmo burocráticos que impõem uma séria de exigências ou normas voltadas para a educação escolar formal.

Módulo de Arte e Expressão Cultural

O módulo foi ministrado pelas professoras Yara Costa e Mara (UEA), bailarinas e arte-educadoras. Este representou um momento de descoberta e apreciação da arte, procurando estabelecer uma ponte com a arte Yanomami. As professoras procuraram valorizar características de cultura como os cantos e as danças.  O módulo do curso foi finalizado com uma apresentação teatral de uma festa tradicional: o “Reahu”. Os alunos atuaram e dirigiram a peça que retratou com extrema realidade esse ritual, que contou também com a participação da professora Mara e das professoras de campo da Secoya.

No momento, está acontecendo o módulo de Cidadania e Direito Indígenas, ministrado pelo professor Raimundo Nonato Pereira da Silva (UFAM). Com ampla experiência na temática indígena, explanou a importância do desenvolvimento do pensamento crítico, da autonomia e da prática da oratória, para que eles possam argumentar a favor de seus interesses, sem necessitar da ajuda napë (os não-índios). O Professor desenvolveu o trabalho valorizando sempre a língua Yanomami.  Debateu com os professores a essência da educação diferenciada e da valorização cultural, incentivando-os a refletir em relação à escola que querem construir na área Yanomami e a partir de que referencial, estimulando a reflexão a respeito dos próprios questionamentos e dúvidas.

Houve então um trabalho muito interessante no intuito de aprofundar o entendimento em relação ao papel do professor no apenas na sala de aula, mas no âmbito do xapono. Nesse sentido, foi construído um pensamento relacionado com essa função, sendo os professores os  “ Hekura da educação” isto é, tendo a função de colaborar com as lideranças para evitar os maus pensamentos e influências negativas que chegam do mundo dos “napë” ( não índios), bem como valorizar a cultura tradicional.

 

Finalmente, colocando em prática os conhecimentos trabalhados, os professores construíram um planejamento com o objetivo de refletir sobre possíveis estratégias capazes de superar os problemas que atingem as aldeias.

 

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