A Coiab realizou em Manaus, entre os dias 28 a 30 de março 2012, um grande encontro que contou com a participação de mais de 60 lideranças de diversas regiões amazônicas com o objetivo de integrar forças em vista da consolidação do Movimento Indígena Amazônico e em busca de soluções capazes de superar os problemas organizacionais acumulados na Coiab.

A Secoya, em sua perspectiva solidária ao movimento indígena Amazônico, prestou assessoria ao encontro, procurando atender tecnicamente as demandas formuladas no intuito de produzir resultados concretos na forma de um planejamento coletivo de trabalho.

Inicialmente programada para ser uma assembleia Extraordinária, a falta de quorum transformou-a num encontro estratégico de lideranças. Estas se empenharam numa reflexão séria voltada para os rumos do movimento indígena amazônico, a suas deficiências e potencialidades, as dificuldades ressentidas através do processo organizativo embasado nas organizações representativas cunhadas na forma de associações não-governamentais. A partir das realidades e experiências locais e regionais, foi traçado um planejamento com a definição de estratégias emergenciais, para superação dos atuais problemas financeiros e de gestão, inclusive o pagamento de passivos que afetam a vida organizacional da Coiab.

Além disso, o encontro evidenciou a necessidade de manutenção da representação da Coiab em Brasília que será assumida interinamente por representantes de organizações membros da Coiab, no intuito de acompanhar graves questões junto as instâncias governamentais, entre as quais os problemas da saúde indígena e o processo de demarcação das terras indígenas cuja competência de aprovação foi recentemente atribuído ao Congresso Nacional pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados através da  Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 215.

Ações de médio e longo prazo foram desenhadas através de propostas inovadoras a respeito do modelo organizacional existente, da constituição de um parlamento indígena amazônico, a sustentabilidade das organizações locais e regionais e da própria Coiab, entre outras.

O encontro foi marcado por um forte espírito de compromisso por parte das bases do movimento, numa clara demonstração que a responsabilidade da Coiab não é apenas de sua coordenação, mas envolve as organizações regionais e locais que a reconhecem como instância articuladora do movimento indígena amazônico.

Destacou-se a importância de retomada de maior autonomia do movimento em relação ao governo, bem como o fortalecimento das articulações com as bases, através de processos efetivos de consulta e definição de estratégias políticas mais consolidadas.

O representante da Coordenação das Organizações Indígenas dos nove países Amazônicos -COICA, Edwin Vasquez contribuiu apresentando a experiência dos povos indígenas dos outros países da região, bem como o enfrentamento com as políticas governamentais.  Discutiu-se ainda a presença indígena na Rio + 20 e a articulações que estão sendo realizadas nesse sentido.

O assessor da presidência da FUNAI de Brasília, Francisco Pianco apresentou as mudanças decorrentes do processo de reestruturação do órgão iniciado há 02 anos e suas implicações na relação com as aldeias assim como o tipo de assistência que passará a ser assumido pela Funai.