Funai diz que garimpeiros armam Yanomami PDF Imprimir E-mail
Sex, 24 de Junho de 2011 12:59

Gonçalo Teixeira: “Nas assembleias, os indígenas são orientados a não usar armas de fogo”

Ao que tudo indica, índios de Roraima estão substituindo o tradicional arco e flecha por armas de fogo. Apesar de não possuírem autorização legal para portar os armamentos, aumentam os casos de indígenas que se feriram durante o manuseio do artefato ou em troca de tiros. O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Gonçalo Teixeira, diz que as armas chegam aos índios por meio de garimpeiros, que exploram ilegalmente os minérios do território.

A partir do contato com os garimpeiros, os indígenas seriam persuadidos com “presentes”, entre eles, armas de fogo, para que em troca permitam a presença dos invasores.

O que chama atenção são os recentes casos envolvendo índios yanomami, conhecidos por viverem isolados, na floresta Amazônica. A reserva tem 9,6 milhões de hectares e está situada entre os estados de Roraima e Amazonas. Sua população é de aproximadamente 32 mil índios.

Teixeira afirma que o caso é tratado durante assembleias gerais realizadas nas comunidades, para que os indígenas não usem armas, principalmente as de pequeno porte. Armas de grosso calibre, como espingardas, ainda que sem autorização, são usadas por alguns deles para caçar. 

Este é o mesmo entendimento da Hutukara Associação Yanomami. Além de armas, afirma que os índios são abastecidos pelos garimpeiros com munição e bebida alcoólica. A associação diz que já denunciou o caso à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

A reportagem apurou que alguns índios também compram suas próprias armas no comércio clandestino. Isso é mais comum em comunidades próximas a Barcelos, no Amazonas. Nas aldeias situadas em Roraima, os indígenas precisam atravessar quase todo o Estado para vir a Boa Vista ou a Caracaraí, para comprar os armamentos.

A Polícia Federal, que é responsável pelo controle de entrada de armas no país, foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou sobre o assunto. O Exército Brasileiro informou que realiza patrulhamentos na fronteira e que, quando se depara com algum ilícito, encaminha pessoas e equipamentos à PF para que sejam adotadas as medidas pertinentes.

ACIDENTES - Uma índia yanomami de apenas 2,7 anos levou um tiro na cabeça na sexta-feira passada, 17, na aldeia Pahana, no Alto Padauri, situada em Barcelos, no Amazonas. O tiro teria sido acidental. No sábado, ela foi trazida para o Hospital da Criança, em Boa Vista, onde permanece internada em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

No mês passado um indígena levou um tiro no pescoço em Xitei, que fica na região de Surucucu, no coração da reserva. O estado dele era considerado grave. O indígena também foi trazido a Boa Vista, onde recebeu atendimento médico.

No início deste mês, o piloto Tarso de Souza Cruz, que ficou oito dias em poder de índios na terra Yanomami, junto com uma aeronave Cessna fretada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), disse à Folha que logo quando chegou à aldeia Watorik, na região do Demini, no Amazonas, foi recebido por aproximadamente 30 índios, que estavam armados com arcos, flechas, bordunas e espingardas. Ele conseguiu fugir.

Fonte: Jornal folha de Boa Vista - RR

 

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