Ministro da Saúde nomeia Joana Claudete Schuertz para o Distrito Sanitário Yanomami, em Boa Vista - RR PDF Imprimir E-mail
Qua, 22 de Junho de 2011 13:35

Finalmente, Alexandre Padilha ouviu a reivindicação dos Yanomami e Ye'kuana e nomeou para a chefia do Distrito Sanitário Especial Yanomami (DSEI-Y), a enfermeira Joana Claudete das Mercês Schuertz. Eles temiam que o ministro da Saúde nomeasse para o cargo alguém indicado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Depois de protestos que implicaram a retenção de dois aviões em Terra Indígena contra o continuísmo da Funasa na atual gestão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), com sérias consequências para o Distrito Sanitário Especial Yanomami (DSEI-Y), finalmente, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ouviu os Yanomami e os Ye'kuana e nomeou para a chefia do distrito a enfermeira Joana Claudete das Mercês Schuertz. Os Yanomami mantiveram sua posição de que não aceitariam uma indicação que viesse do senador Romero Jucá para o cargo e reivindicavam a permanência de Joana, que era chefe substituta do DSE-Y. Enquanto essa situação não se resolvia, agravava-se a crise de saúde entre os índios.

Até a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) em outubro de 2010, a saúde indígena estava a cargo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O órgão passou a ser dirigido por pessoas indicadas pelo PMDB a partir de 2003. Durante quase uma década choveram críticas à ineficiência, a pratica de irregularidades e corrupção naquele órgão. Com a criação da Sesai, subordinada ao Ministério da Saúde, o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Antonio Alves, com o apoio de organizações indígenas, passou a comandar a secretaria com o compromisso de por fim a corrupção e melhorar a qualidade do atendimento à saúde. Portanto, meses depois, uma indicação política para o DSEI-Y, vinda de Romero Jucá, acabou resultando em uma onda de protestos entre os Yanomami, que receberam apoio de diversas organizações indígenas.

Os Yanomami e Ye’kuana ressaltaram várias vezes que eram contrários a indicações políticas para a saúde indígena, deixaram claro que não as aceitariam e relembravam o histórico de desmandos e corrupção na Funasa ao longo de quase dez anos. Entre alguns dos escândalos envolvendo a Funasa em Roraima e funcionários a ela vinculados estão duas operações da Polícia Federal - uma em 2007 e outra em 2008 contra Marcelo Lopes e Ramiro Teixeira, ambos indicados por Jucá.

Após a nomeação da chefe do Distrito Sanitário, o próximo passo, rumo à autonomia do DSEI-Y, é a estruturação de uma sede própria fora do prédio da Funasa (RR), medida imprescindível para a boa gestão dos serviços de saúde. Hoje a diretoria do Conselho Distrital Yanomami e Ye´kuana enviou carta ao ministro Alexandre Padilha solicitando providências nesse sentido.

Fonte: ISA - Instituto Socioambiental.

 

 

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